Não é segredo para ninguém. O Brasil vive, atualmente, uma das situações mais complicadas da energia no país. Dois anos de seca levaram os reservatórios a níveis alarmantes. Consequentemente, estamos produzindo energia elétrica com usinas térmicas, o que eleva muito o preço do megawatt-hora. Para complicar mais, a antecipação da renovação das concessões das geradoras deixou as distribuidoras descontratadas em 2014.

Qual é a extensão do problema?

Com o preço da energia elevado no curto prazo, os contratos para médio e longo prazo também ficam mais caros. Algumas distribuidoras já começaram a ter reajustes de 30%. Quem paga a conta é o consumidor cativo. Afinal, o reajuste tarifário acontecerá no próximo ano. Mas o problema não termina aí. A energia é a base da indústria e do país. O impacto da alta da energia também afetará o preço dos produtos e a inflação do próximo ano.
É diferente de 2001?

O país aprendeu muito com a história. Aprendeu tanto que hoje as térmicas estão gerando cerca de 25% dos 60 GW médios do país, atenuando cada vez mais a dependência das usinas hidrelétricas. É mais caro? Sim. Mas pelo menos o país não para. A partir de 2001, também aprendemos a otimizar o consumo de energia. Seja nas casas, com lâmpadas florescentes e de led, ou nas indústrias, com fábricas mais eficientes. Mas ainda temos muito o que aprender e fazer.

Quanto tempo esta situação vai durar?

É difícil prever. Porque o fim do problema está relacionado com o retorno das chuvas. No entanto, estudos realizados pela Comerc sobre fenômenos climáticos “El Niño” e “La Niña” podem ajudar a estimar se o próximo período úmido será satisfatório ou não.

O que o Brasil poderia fazer diferente?
Não há milagres. Mas há soluções de curto, médio e longo prazo.
No curto prazo, o projeto de “Bandeira Tarifária” poderia ser um diferencial. É um sistema de sinalização para o consumidor cativo, que até o momento não tinha qualquer sinal de preço, informando quando seria necessária uma redução no consumo de energia. O projeto prevê aumento da conta de energia em meses com maior despacho térmico.
Já no médio e longo prazo, só um grande investimento em fontes de energia, sejam elas alternativas ou térmicas, amenizaria a dependência das hidrelétricas no país. Quer dizer, desenvolver parques de energia eólica, solar e térmicas, tanto a gás natural quanto a biomassa, além de uma melhor estrutura de interligação da rede.

Como o Mercado de Energia Livre está lidando com a crise?

As empresas contratadas estão em uma boa situação, pois a tendência no mercado cativo é de aumento nas tarifas. Já as indústrias que não estão bem contratadas terão dificuldade para manter sua competitividade, porque pagarão caro pela energia neste momento.
O que se recomenda é que os contratados organizem sua produção para não deixar ultrapassar o consumo de energia adquirido. E que os descontratados busquem contratos de médio prazo e que entendam que os custos desses contratos serão bem mais elevados.

É o momento de migrar para o Mercado Livre?

O momento atual não é o mais adequado para migração, uma vez que o setor passa por uma elevação dos preços dos contratos de médio prazo, devido ao atraso das chuvas. Porém, com o atual aumento, somados aos que ainda virão nas tarifas das distribuidoras, ocasionado pelos altos custos com as térmicas, a situação poderá mudar muito brevemente.

Qual a visão da Comerc para o futuro?

Como maior gestora do Mercado Livre de Energia Elétrica, a Comerc desenvolve constantes estudos e está presente nos principais debates com as entidades do mercado, para obter as informações mais importantes e relevantes com antecedência e, assim, poder posicionar seus clientes junto ao mercado de forma competitiva.
A expectativa é que os preços voltem a um patamar de equilíbrio e que se possa adquirir energia para os próximos anos a preços competitivos. Tanto para que nossos clientes possam crescer suas unidades atuais, como para migrar novas unidades para o Mercado Livre de Energia.

 

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